Zyphora

o Eco dos Afogados

Aparência

Zyphorah não possui um corpo — possui um território vivo. Sua massa escamosa ultrapassa os quilômetros e carrega consigo o peso de eras submersas. As escamas, grandes como escudos de navio, são incrustadas de corais fossilizados, cracas e algas ancestrais que se movem como se respirassem. Do tronco deformado emergem oito cabeças serpentescas, cada uma presa a um pescoço anormalmente longo, flexível e elástico, capazes de envolver mastros, engolir embarcações inteiras ou atingir alvos a centenas de metros de distância.

Cada cabeça carrega uma identidade própria: olhos que brilham em tons de azul profundo, verde putrefato, âmbar antigo, vermelho sangrento, púrpura etéreo e cores mortiças que não pertencem ao mundo dos vivos. As mandíbulas, repletas de dentes serrilhados e irregulares, rangem mesmo quando imóveis. De suas bocas ecoam sons impossíveis — gritos de afogados, risadas quebradas, preces interrompidas, vozes humanas sobrepostas que fazem o mar parecer consciente.

Antes de ser visto, Zyphorah é ouvido. O oceano se cala. O vento morre. E então o coro começa.

Lenda

As crônicas marítimas mais antigas afirmam que Zyphorah nasceu quando os primeiros afogados do mundo foram rejeitados pelos deuses da morte. Suas almas, recusadas, não encontraram descanso. Foram dilaceradas, comprimidas e fundidas em um único ser — um receptáculo de desespero eterno. Assim surgiu o Eco dos Afogados, condenado a vagar pelas profundezas, atraído por guerras navais, naufrágios, traições no mar e desespero humano.

Portos decadentes sussurram histórias de cultos que oferecem sangue ao oceano em troca de ventos favoráveis e vitórias marítimas. Dizem que Zyphorah atende… sempre cobrando mais do que foi prometido. Quando parte, deixa apenas destroços, silêncio e a sensação de que algo observou cada morte com prazer.

Alguns capitães afirmam que Zyphorah não ataca navios vazios. Ele caça esperança. Quanto maior a confiança, maior o apetite.

Comportamento

Zyphorah não age com pressa. Ele se aproxima lentamente, circulando embarcações, testando o medo. As cabeças cantam em tons diferentes, desorientando tripulações inteiras antes do ataque. Não é uma criatura de fúria cega — é um predador paciente, que saboreia o colapso psicológico antes do afundamento.

Quando satisfeito, afunda novamente, levando consigo corpos, memórias e nomes.

Poderes e Habilidades

Eco dos Afogados
O coro das cabeças irrompe em uníssono. Aqueles que escutam são tomados por pânico, alucinações de afogamento e memórias que não são suas — últimos pensamentos de pessoas que morreram no mar.

Pescoços Infinitos
Cada cabeça pode atacar alvos diferentes simultaneamente, contornando obstáculos, envolvendo mastros, puxando vítimas para a água ou esmagando estruturas inteiras.

Corpo Leviatânico
O simples deslocamento de Zyphorah gera ondas colossais. Em mar aberto, sua passagem é suficiente para virar navios de guerra e despedaçar frotas.

Mares em Putrefação
A água ao redor da criatura se torna tóxica. Madeira apodrece, cordas se desfazem e metais enferrujam em minutos, como se o oceano estivesse em decomposição.

Renascimento nas Águas
Cabeças destruídas regeneram-se após alguns dias, surgindo novamente do corpo principal. Apenas fogo de origem mágica ou forças que neguem a própria essência do mar impedem essa regeneração.

Presságio

"Quando Zyphorah cantar, o mar não terá ondas — terá gritos. E não serão os seus que ecoarão, mas os de todos que já morreram afogados."